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domingo, 21 de março de 2010

Ex-jogadores baianos têm problemas para sobreviver

Segundo reportagem do Jornal A Tarde deste domingo (21), a situação da maioria dos ex-jogadores de futebol profissional na Bahia é a pior possível. A constatação é de Sérgio Moraes, ex-lateral-direito do Redenção, Galícia, AABB e Botafogo e presidente da única entidade no Estado dos ex-boleiros, a Associação de Garantia ao Atleta Profissional da Bahia (Agap).
De acordo com números revelados por Sérgio Moraes, dos 87 filiados à Agap, apenas 26 (30%) recebem até quatro salários mínimos (R$ 2.164) mensais do INSS, por tempo de serviço ou invalidez. Os outros sobrevivem com um e dois salários, mas há ainda aqueles que nada ganham. “Vivem da ajuda dos amigos”, comenta.
O presidente da Agap não tem números exatos do universo ou a forma como sobrevivem muitos dos atletas que brilharam nos gramados baianos nas décadas de 60, 70 e 80. Segundo ele, a maior dificuldade para acompanhar o ex-atleta é o desconhecimento do endereço.
Arrependimento - José Augusto é um exemplo de ex-jogador mal-sucedido. O ex-zagueiro heptacampeão pelo Bahia (73 a 79), de 57 anos, associou-se à Agap há seis meses. Não passa fome, mas tem que se contentar com salário de pouco mais de R$ 540 por invalidez (lesão no joelho).
Para manter esposa e o casal de filhos dá aulas de futebol na escolinha da Associação Atlética Banco do Brasil. “Até cesta básica já recebi de meus amigos”, conta com os olhos marejados. “Era para ter estudado”.
Hepatite C - Há três anos, o ex-jogador do Bahia, professor de Educação Fìsica e funcionário da Coordenadoria de Esporte da Prefeitura de Salvador Edmilson Machado descobriu ser portador do vírus da hepatite C.
Outra vítima de procedimentos nos anos 70, quando atletas compartilhavam seringas para infiltrações e complexos vitamínicos. “Eram duas ou três agulhas para 30, 40 jogadores. Ferviam e iam aplicando”, diz. Com o tratamento no SUS, venceu a batalha em 2008. “Continuo fazendo exames, mas estou curado”.
São 55 ex-atletas em tratamento no ambulatório da Universidade Federal da Bahia. Segundo a Sociedade Brasileira de Hepatologia, a maioria dos ex-jogadores no País dos anos 70 está contaminada e não fez exame para diagnóstico e tratamento precoce, diz o presidente Raymundo Paraná.

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