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sábado, 11 de setembro de 2010

COMERCIANTES DE CARNE DA FEIRA LIVRE DE VALENÇA ESTÃO ENTRE O ESPETO E A BRASA


Após terem suas mercadorias apreendidas, comerciantes voltaram a vender seus produtos na feira livre de Valença. “A gente não vai morre de fome”, desabafa um comerciante.

Após operação de fiscalização deflagrada pelo Ministério Público estadual com o apoio da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Polícia Militar e Vigilância Sanitária no município de Valença na última sexta-feira (10), quando resultou na apreensão de 800 kg de carne clandestina, boa parte, apreendida no mercado de carne na feira livre de Valença, proprietários dos boxes retornaram timidamente neste sábado (11) a comercializarem seus produtos. Como esperado, o movimento foi bastante fraco. Segundo o comerciante Luiz da Mantinha, os vendedores de carne não têm opção. “Eles chegam aqui, levam nossos produtos, ameaçam a gente de prisão e a Prefeitura não dá a menor condição para a gente vender nossos produtos dentro das condições exigidas pelo MP”, disse. O mercado de carne foi construído no início da década passada e até hoje, as condições de trabalho são as mesmas. Os boxes são pequenos, dentro não existe água potável e carnes são expostas penduradas na frente dos estabelecimentos sem qualquer higiene. Quase todos os boxes não possuem câmara frigorífica e a maioria dos produtos comercializados carece de documentação. Alguns comerciantes se associaram e derrubaram alguns boxes para ampliar e oferecer as condições exigidas pelo MP. “A gente deveria montar acampamento na porta da prefeitura, mas o pessoal aqui é muito desunido”, reclama um comerciante que não quis se identificar afirmando que ainda paga R$ 4, por dia a título de taxa para a prefeitura de Valença. Outro comerciante relembrou os velhos tempos quando o mercado ficava no centro da cidade. “as pessoas mais carentes ficavam aguardando o horário da tarde, quando os açougueiros eram obrigados a baixar o preço da carne, mesmo sem essas coisas que eles exigem hoje, a gente ganhava mais dinheiro”, destaca.
Segundo o promotor de Justiça Tiago Quadros, a carne imprópria para o consumo foi apreendida na feira livre e açougues da cidade que estavam vendendo a mercadoria em condições irregulares mesmo após o MP ter expedido notificação aos comerciantes de carne estabelecendo prazo para adequação da venda do produto em condições higiênico-sanitárias adequadas. Muitos comerciantes, frisou o promotor de Justiça, já estão se adequando, adquirindo os balcões frigoríficos, azulejando os estabelecimentos e comercializando a carne inspecionada, o que tem reflexo direto na diminuição da quantidade de carne apreendida, que chegou a cinco toneladas em fevereiro de 2010 e uma tonelada e meia em março.

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