domingo, 19 de setembro de 2010
DIA MUNDIAL DE LIMPEZA DE RIOS E PRAIAS PROPÕE REFLEXÃO SOBRE O RIO UNA
Despejo de dejetos no Rio Una. Uma questão de saúde pública
A passagem do Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias, criado em 1986 pela ONG americana Ocean Conservancy, foi repleta de manifestações e mobilizações de entidades ligadas ao meio ambiente. No último sábado (18), a Norsa/Coca-Cola, empresa que está diretamente ligada ao evento no país dede 1993, contou com 130 voluntários na capital baiana e mais de 1000 voluntários nos quatro estados de atuação. Em Valença, a Associação de Transporte Marítimo (Astram) é a única entidade a atuar de forma direta na retirada de objetos e limpeza do Rio Una. A associação atua há dois anos e já retirou mais de 200 caçambas de lixo do rio. “A nossa ação não se resume em comemorações de um dia, mas procuramos realizar um serviço de preservação ambiental diário”, disse Romilson Muniz, presidente da Astram.
RIO UNA PEDE SOCORRO
O trabalho da Astram tem reconhecimento e se faz necessário. Entretanto, o rio Una, que corta o município de Valença se transformou em uma espécie de fossa a céu aberto. A contaminação por resíduos químicos e patológicos no rio na área urbana de Valença (a 262 km de Salvador) já esta comprometendo seriamente o meio ambiente. Segunda pesquisa realizada sobre as condições de risco ambiental do rio, para o curso de Pós-Graduação em Geologia da Universidade Federal da Bahia em parceria com o Núcleo de Pesquisas da Faculdade de Ciências Educacionais (FACE) existem elevados índices de contaminação por resíduos químicos e patológicos na área urbana cortada pelo rio. A pesquisa, de autoria da professora Joana Angélica Guimarães da Luz e do professor Edgard Otacílio de Oliveira destacam níveis assustadores de contaminação por coliformes. A legislação brasileira para água de consumo, permite menos que 2 NMP de coliformes totais/100ml. Os resultados encontrado no Rio Una apresentam valores mínimos de 490NMP/100ml e um máximo de 24 mil NMP/100ml. A população urbana de Valença é de 50 mil habitantes, de acordo com estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS), cada ser humano produz 300 gramas de resíduo fecal por dia, isso significa que são despejadas diariamente sem nenhum tratamento no leito do rio, 15 toneladas desses resíduos. Além disso, a pesquisa apontou níveis altíssimos de contaminação por: Nitrito, Manganês, Turbidez, Fósforo, Ferro, Nitrato, Cloreto e Amônia.
PROJETOS: Em entrevista ao repórter Magno Jouber do A Tarde em fevereiro de 2009, o prefeito de Valença Ramiro Queiroz admitiu que alguma coisa precisaria ser feita. Segundo Ramiro, existe um projeto que propõe o esgotamento sanitário da cidade, mas seriam necessário cerca de R$ 100 milhões para sua execução e o município não possui capacidade de tamanho investimento. A solução, seria a parceria com o governo do estado e governo federal, mas até agora, nenhuma sinalização foi feita nesse sentido.
HISTÓRIA - O Rio Una tem uma importância primordial na vida da cidade de Valença. È o rio principal da sub-bacia hidrográfica do Una. Esta sub-bacia é alimentada principalmente pelo rio Piau e pelos afluentes: Gereba, Una Mirim, Do Braço, Caranguejo, Pitanga, Barateiro, Do Meio, Riacho e Umbeirino. Nasce na Serra do Sincorá, na divisa de Valença com o município de Laje. Antes de entrar no perímetro urbano, as condições ambientais estão dentro da normalidade, apenas quando chega a Valença é que as águas do rio recebem todos os dejetos. No perímetro urbano o rio passa a fazer parte do estuário da Bacia de Tinharé.
No século XIX, a força hidráulica, transformada em força mecânica, foi largamente utilizada na indústria têxtil. Nesse século, as águas do rio Una passaram a abastecer, de forma tratada e em tubulações de ferro, a população da cidade, através da Empresa Aqüífera de Valença, pertencente à Companhia Valença Industrial, sendo esta a primeira cidade do Brasil a possuir tal serviço.
Também nesse período foram instaladas três turbinas geradoras de energia elétrica na primeira cachoeira para a produção de energia elétrica, com capacidade de gerar 90 cavalos de força.
Magno Jouber
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Em tempos de crise ambiental e ja se falando numa 3ª guerra mundial por causa da escassez de água o que fazem com o Rio Una é um crime, e a falta de atenção dos nossos governantes é uma vergonha!
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