Nunca se falou tanto em negros, racismo, beleza negra, como nos últimos dias. Encontros, passeatas, atos públicos em geral, seminários, intelectuais pulando de excitação diante de plateias comovidas e outras coisas que fazem parte do cenário. Importante? Muito! Há que se falar no tema, insistir, até que algum tipo de consciência seja criado. Mas não apenas em uma data.
É que, passado o novembro negro, certamente voltaremos à realidade cruel de um país cuja sociedade se diz plural e nega o preconceito de cor, mas onde os fatos mostram exatamente o contrário, a despeito de termos uma belíssima lei, a Afonso Arinos, que pune severamente atos de racismo explícito.
Porém, o racismo implícito grassa de forma espantosa e serei propositalmente “primário” ao argumentar: as agências de publicidade relutam em utilizar modelos negros, e, quando o fazem, agem de forma tão acintosa para mostrar que “não” são racistas, que o racismo fica ainda mais claro; na TV, são raríssimos os apresentadores e repórteres negros, inclusive nesta Bahia, terra composta em sua maciça maioria por negros e descendentes de; não há participação de mulheres negras em concursos de beleza, salvo quando realizados com o fim específico de eleger “a beleza negra”; na política, são também raríssimos os negros em destaque (e, aí, lembro o ator Milton Gonçalves: “Negro também pode ser corrupto”); no Judiciário, a presença de um ministro negro é motivo de destaque nacional, tão rara é a ocorrência de negros nas cortes, e podemos ir ainda mais longe constatando a raridade de negros entre médicos, professores universitários, times de vôlei, basquete etc.
Pois é. Pelo visto, acontece com os negros o mesmo que vemos, por exemplo, com as crianças abandonadas: muitas ONGs, inúmeros discursos, Criança Esperança, muito dinheiro...E as ruas cada vez mais cheias de crianças miseráveis.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
HIPOCRISIA PURA
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