Em recentes declarações, especialistas em violência urbana apontam que há no México, atualmente, mais de 920 “focos de ingovernabilidade”, ou seja, regiões, em várias cidades e no campo, onde o governo perdeu para o crime organizado. Nesses locais, manda, agora, o traficante. A este processo, que tem tudo a ver com a rota do tráfico de cocaína da Colômbia para os EUA, via México (inclusive utilizado pequenos submergíveis artesanais, apelidados de “narco submarinos”), chama-se “colombização.”
E a violência gerada pelo tráfico, que já matou cerca de 25 mil pessoas de janeiro de 2007 até agora (número que ainda fica bem atrás dos assassinatos no Brasil), está gerando pânico entre empresários locais, inclusive de turismo (maior fonte de recursos do México), investidores estrangeiros e o próprio governo. E a previsão, sombria, é que a situação será ainda mais grave nos próximos dias, devido à morte do chefão do tráfico Ignacio “Nacho” Coronel, fuzilado pela Polícia na cidade de Guadalajara, na semana passada.
Eis aí um quadro para que os brasileiros responsáveis olhem com muito cuidado. Sim, porque se o México é a principal porta de entrada da cocaína para os Estados Unidos, o Brasil tem sido o maior entreposto da droga que, vinda principalmente da Colômbia, sai daqui para breve escala na África, de onde segue para consumidores europeus.
Nas principais cidades brasileiras, Salvador incluída, já existem ou se delineiam “focos de ingovernabilidade”, como classificou com exatidão um especialista mexicano a respeito do seu país. Na capital baiana, ainda são áreas de alguns bairros e invasões que se enquadram nesta categoria de território do crime organizado. No Rio, são morros inteiros, com até um milhão de habitantes.
Está aberta a porta para, em alguns anos, lembrar os dias de hoje e lamentarmos: “Bons tempos aqueles de 2010, hein?” Quem sobreviver, verá.
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